Perigo
A época é de cuidados com animais peçonhentos
Sob temperaturas mais altas, espécies circulam com facilidade em ambientes.
Jô Folha -
Fotos: Jô Folha - DP
Um escorpião da espécie Tityus foi encontrado na zona central de Piratini, a 95 quilômetros de Pelotas. O aracnídeo, que normalmente não circularia pela região, e sim em Santa Catarina ou no interior de São Paulo, mobilizou a Cruz Vermelha. A equipe de Pelotas capacitará agentes de saúde de Piratini, na terça-feira, a fim de reforçar medidas preventivas e de tratamentos relativos a animais peçonhentos.
O escorpião não costuma ser agressivo, entretanto, sua reação quando se sente ameaçado pode render uma picada - por isto, os casos em que há ferimentos são chamados de "acidentes". O biólogo Fabrício da Silva, que atua na Cruz Vermelha, alerta: "Não adianta colocar veneno nesses animais. E depois de uma picada a vítima tem que ir para o Pronto-Socorro, porque é o único lugar que disponibiliza soro específico para a toxina". Em geral, a picada do escorpião causa muita dor no local atingido, além de inchaço e vermelhidão em algumas vítimas.
Diferenças
O especialista deve encaminhar o escorpião encontrado para uma análise laboratorial mais detalhada, pois ainda não pôde identificar a qual família de Tityus ele pertence: Serrulatus ou Bahiensis. Ambos, contudo, são venenosos.
*Tityus Serrulatus: Popularmente conhecido por escorpião amarelo, é considerado o mais venenoso da América do Sul. Com veneno neurotóxico - que age no sistema nervoso periférico -, pode ser letal, conforme a quantidade injetada e as condições físicas da vítima. Esta é uma espécie assexuada. Silva explica que há somente fêmeas Serrulatus. Elas são capazes de se reproduzir sozinhas, sem intervenção de machos (fenômeno chamado de partenogênese). "Elas se multiplicam em até 30 vezes… Então, se for Serrulatus, pode ser que haja outros", adianta.
*Tityus Bahiensis: Pode ser de coloração marrom escura ou avermelhada e apresentar manchas de coloração variada nos pedipalpos (segundo par de apêndices articulados e móveis) e nas pernas. A espécie é responsável, no Brasil, pelo maior número de casos de acidentes escorpiônicos em áreas rurais. Diferentemente do que ocorre com Serrulatus, a reprodução do Tityus Bahiensis se dá entre machos e fêmeas.
Índice de acidentes
De acordo com o Centro de Informação Toxicológica (CIT) do Rio Grande do Sul, houve aumento de registros de acidentes em Pelotas envolvendo animais peçonhentos desde 2012. E os números podem ser mais altos, pois muitas vítimas não sabem que foram picadas por um animal peçonhento.
Números registrados
2012
372 pessoas feridas
2013
364 pessoas feridas
2014
505 pessoas feridas
O que fazer?
Em geral, para evitar acidentes, a recomendação do especialista é simples: examinar roupas, sapatos e cobertas, além de não acumular lixo - locais em que costumam se "esconder". Segundo ele, a maioria dos casos de picadas de peçonhentos acontece depois do contato do animal em peças de uso da vítima. É importante ressaltar: nem todo ferimento causa dor, mas toda picada apresenta riscos à vida, portanto a importância de buscar atendimento no Pronto-Socorro ao reparar alguma alteração na pele. "No caso da aranha marrom a picada não causa dor, pode enganar. Mas depois de 72 horas o veneno dela começa a se alastrar, podendo comprometer partes do corpo", alerta. Até então, não houve registros de pessoas feridas pelo escorpião encontrado em Piratini.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário